'ASFALTAMENTO COMPLICADO'

Marina Silva diz que BR-319 é de ‘altíssima complexidade’ e nem Alfredo Nascimento pôde asfaltar

Ministra foi questionada por jornalista de Rondônia e lembrou de licenças concedidas em sua gestão

Lucas dos Santos
17/09/2024 às 14:30.
Atualizado em 17/09/2024 às 14:30

(Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

A ministra Marina Silva (Rede), do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, voltou a destacar a necessidade de estudo detalhado para o asfaltamento do Trecho do Meio da rodovia BR-319 e relembrou que nem mesmo ex-senador amazonense Alfredo Nascimento (PL), que ocupou o Ministério do Transportes entre 2004 e 2011, conseguiu asfaltá-la devido à complexidade da estrada.

A fala ocorreu em resposta ao jornalista Ray Lavareda, da Rádio Caiari, durante o programa Bom Dia, Ministro na manhã desta terça-feira (17). O profissional havia perguntado sobre a situação da BR-319 no governo federal após as visitas realizadas em Rondônia e no Amazonas nos últimos dias.

“É uma demanda legítima, mas precisa ser feito todo o dever de casa. Eu dialogo com você, o povo de Rondônia, do estado do Amazonas, com muita tranquilidade em relação a isso, porque eu fiquei 15 anos do governo. A pergunta que eu sempre faço é por que, durante esses 15 anos, não foi feita estrada? Por que, durante esses 15 anos, em que tivemos até um ministro dos Transportes que era do estado do Amazonas, não foi feita essa estrada? É porque é uma estrada de altíssima complexidade”, disse.

O trecho de mais de 400 km, lembra a ministra, está inserido numa área extremamente preservada “no coração da Amazônia” e que o asfaltamento sem planejamento pode agravar o problema das queimadas e da estiagem pelo qual o país tem passado nos últimos meses.

“Qual a recomendação que tem sido feita pelo Ministério do Meio Ambiente? De que se faça uma avaliação ambiental estratégica dessa área para que se tome a decisão com base em dados e evidências. Isso, se já tivesse sido feito, nós já teríamos um suporte técnico para poder ter uma resposta definitiva. Os atalhos que foram feitos durante todos esses anos não levaram a nada”, disse.

Marina Silva criticou o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por conceder uma licença ao final de sua gestão sem ouvir os técnicos ambientais. O licenciamento foi derrubado por uma decisão temporária do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1).

A ministra relembrou que ainda em sua gestão no Ministério do Meio Ambiente em 2007 foram concedidas licenças ambientais para o asfaltamento dos 200km iniciais da BR-319 tanto pelo lado do Amazonas quanto pelo lado de Rondônia e “agora que vai ser feito”.

Autazes

Durante a entrevista, a jornalista Rosiene Carvalho, da rádio Difusora do Amazonas, questionou sobre a insistência em projetos com potencial de gerar degradação ambiental, como a BR-319 e a exploração de potássio em Autazes, região com presença de indígenas Mura.

Marina Silva apontou que o licenciamento ambiental em Autazes está sendo feito pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) e que houve consulta ao Ibama devido aos indígenas no local.

“Existe um protocolo que é estabelecido para consulta prévia e informada dos povos indígenas e esse protocolo tem que ser cumprido. A gente está vivendo cada vez mais exigências que são de natureza econômica, mas elas não podem se sobrepor às exigências de natureza ambiental. Enquanto que um ganho econômico pode ter um benefício, se não for feito corretamente, esse benefício será de curtíssimo prazo”, avaliou.

Assuntos
Compartilhar
Sobre o Portal A Crítica
No Portal A Crítica, você encontra as últimas notícias do Amazonas, colunistas exclusivos, esportes, entretenimento, interior, economia, política, cultura e mais.
Portal A Crítica - Empresa de Jornais Calderaro LTDA.© Copyright 2024Todos direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por