OPINIÃO

Para quem olha o satélite de Musk?

Naturalizou-se a perda de soberania ao capital e submissão à desestruturação que o mesmo promove

Por Ivânia Vieira
04/09/2024 às 10:13.
Atualizado em 04/09/2024 às 10:13

O tema “as dez pessoas mais ricas do mundo” tem audiência da maioria dos mais pobres e, talvez, dos 733 milhões famintos. O empresário da pós-modernidade líquida que quer colonizar o insólito planeta Marte, Elon Musk, está nessa lista dos super-ricos e oscila entre o primeiro e segundo lugar no seleto grupo.

Quando se tornou CEO da Tesla, Musk aumentou seu patrimônio líquido atingiu o auge com US$ 320 bilhões (R$ 1,69 trilhão) em novembro de 2021. Saiba mais aqui.

No Brasil, o empresário chegou, de modo festivo, ganhou status de xerife das tecnologias da informação e ameaça controlar a comunicação por satélite na Amazônia. A Starlink, uma das empresas do império Musk, é de acordo com a Agência Nacional de Telefonia (Anatel) a segunda maior provedora de internet via satélite do território nacional, com 150 mil clientes de um universo de 400 mil (dados de agosto de 2024).  

O homem que quer assujeitar as instituições brasileiras ao seu modo de agir e também de outras regiões do mundo, visitou o Brasil no ano de 2021, participou de encontros com o ministro das Comunicações da época, Fábio Faria, e expôs a proposta de conectar, com banda larga, escolas rurais e os sistemas de monitoramento da Amazônia. No ano seguinte, a Anatel deu aval para a Starlink operar satélites de baixa órbita no Brasil. À época, o Elon Musk afirmou que o projeto levaria internet a 19 mil escolas desconectadas da web.

Um dos aspectos na festa de entrada dos negócios de Musk na Amazônia em geral, e no Amazonas, em particular, segue entre a alegria e agradecimento dos abandonados pelas políticas públicas de comunicação, às ranhuras e ameaças que o jeito Musk de atuar promovem.

Em declaração recente, o governador do Amazonas disse: “A internet que ele começou a colocar na Amazônia nunca esteve conectada às políticas públicas. Resultado: traficante, grileiro e criminosos têm a antena do Elon Musk, mas a comunidade mais simples, lá do interior, não tem acesso”. Leia completo aqui. 

A recepção de uma parcela generosa do jornalismo brasileiro aos desmandos de Elon Musk revela, em mais um caso, as marcas do colonialismo nas práticas jornalísticas. A nação deixa de ser importante. Tudo é suportável incluindo à naturalização da perda de soberania ao capital e submissão à desestruturação que o mesmo promove.

A liga dos defensores de Elon Musk nos ataques que faz ao governo e às instituições brasileiras vincula-se a movimento mais largo e internacionalmente operado. Tem objetivos de desestabilizar, controlar e estabelecer outra ordem, com retrocessos e muita desumanidade conectada que reforça a permanência do empresário no topo dos mais ricos enquanto países e povos são atacados e desconectados da dimensão de dignidade.

Assuntos
Compartilhar
Sobre o Portal A Crítica
No Portal A Crítica, você encontra as últimas notícias do Amazonas, colunistas exclusivos, esportes, entretenimento, interior, economia, política, cultura e mais.
Portal A Crítica - Empresa de Jornais Calderaro LTDA.© Copyright 2024Todos direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por