Editorial

Tomar posição diante da letargia

Enquanto a brincadeira de compartilhar o ovo frito no asfalto ou algo semelhante gera risadas milhares de pessoas estão em estado de sofrimento, sem acesso à água, a alimentos, a aquisição de remédios

acritica.com
17/09/2024 às 08:02.
Atualizado em 17/09/2024 às 08:02

(Foto: Arquivo A CRÍTICA)

A elevada temperatura da cidade de Manaus e do Estado do Amazonas tem sido tratada nas redes sociais como motivação para piadas e memes.  Há um espaço de debate sobre o uso de tais recursos como forma de reação e de participação social no tema calor/fogo/fumaça nesta região.

As charges e as tirinhas ganharam e têm espaço de leitura nas diferentes plataformas comunicacionais oferecendo material dos diversos momentos da história política do Brasil. Foram percebidas como importantes contribuições de um ativismo político, de denúncia e de educação política. Charges e tirinhas nos dizem muito, afetam percepções sobre os acontecimentos.

Na atualidade, a forma de abordagem faz rir e, talvez, estabeleça nas gargalhadas a mais recorrente manifestação sem conseguir ir além no debate que se faz necessário. A Amazônia e, nela, o Amazonas, escancara um dos cenários mais difíceis e danosos. Os números, dos especialistas, dos levantamentos informais e dos relatórios que os governos recebem revelam o quanto é grave a situação e justificam a tomada de decisão como a de decretar estado de emergência.

O que  está acontecendo sinaliza para a presença frequente desses acontecimentos sem tempo de reparar os danos a moradores, as áreas e as espécies não humanas causados. Enquanto a brincadeira de compartilhar o ovo frito no asfalto ou algo semelhante gera risadas milhares de pessoas estão em estado de sofrimento, sem acesso à água, a alimentos, a aquisição de remédios, crianças fora da escola e mulheres forçadas a cumprir jornadas mais longas e difíceis para amenizar carências familiares. 

A atenuação do drama pelo exercício de um determinado tipo de gozação, ironia, piada, ajuda a reduzir a pressão juntos aos governos, aos parlamentares, ao judiciário e demais setores, como o empresariado, para que atuem juntos e de forma ágil no socorro as vítimas. O WhatsApp pode ser um dos espaços nessa defesa e na mobilização que não perca de vista o que ora ocorre, o que se encontra no caminhar nas cidades secas e ou tomadas pela fumaça.

As notícias mostram a intensificação do problema e pessoas que continuam ateando fogo, criminosamente. Essa postura precisa ser impedida e os autores punidos bem como se estão cumprindo ordem que os mandantes igualmente sejam punidos. O fogo foi elevado à categoria de mecanismo político-partidário e de ato de oposição ao governo brasileiro. É preciso queimar e mostrar ao mundo as imagens do que está sendo queimado  reunido à seca e à fumaça.

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