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Cieam e CDL Manaus rebatem acusações da Fiesp contra Zona Franca de Manaus

Entidades criticaram desinformação e ataques contra o modelo e defenderam manutenção das vantagens comparativas

Lucas dos Santos
politica@acritica.com
16/12/2024 às 18:01.
Atualizado em 16/12/2024 às 18:01

Centro das Indústrias do Amazonas (Cieam), junto com CDL Manaus, rebateu nota da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) (Foto: Paulo Bindá)

O Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam) e a Câmara de Dirigentes Lojistas de Manaus (CDL Manaus) criticaram a nota da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) na qual critica o relatório do projeto de lei complementar (PLP) 68/2024 feito pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM), aprovado pelo Senado Federal, onde foram atendidos pleitos da Zona Franca de Manaus (ZFM).

O posicionamento da instituição paulista pressiona ainda mais a votação do PLP 68 na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (17), onde os deputados decidem se aprovam ou não as mudanças feitas pelo senador: isenção do tributo federal Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) nas vendas internas do comércio relacionado ao Polo Industrial de Manaus e não limitação de crédito presumido no tributo estadual Imposto sobre Bens e Serviços (IBS).

Na nota divulgada nesta segunda-feira (16), o Cieam afirma que o polo enfrenta ataques históricos “infundados e reiteradas campanhas de desinformação, frutos do desconhecimento”.

“É imperativo esclarecer a verdade: esses ataques configuram um ato de absoluta falta de empatia contra o desenvolvimento sustentável da Amazônia e do Brasil. Reafirmamos que o texto aprovado no Senado Federal respeita os limites constitucionais assegurados à Zona Franca de Manaus. O relator replicou nas leis complementares o que já está consolidado pela legislação do ICMS e assegurado até 2073 pela Constituição Federal”, disse.

O Cieam destacou ainda o prejuízo que o Amazonas deve sofrer com a mudança na cobrança dos tributos promovida pela reforma tributária, os quais passarão a ser no destino do produto, não mais na origem. O estado é essencialmente produtor e comercializa 98% do que produz para as demais regiões.

Portanto, de acordo com a entidade, qualquer ataque é prejudicial ao sustento da região, além de colocar em risco 30% do Produto Interno Bruto (PIB) e 50% da arrecadação de impostos federais na região Norte, mais de 500 mil empregos diretos e indiretos e a preservação de mais de 95% da floresta primária do estado, “essencial para o equilíbrio climático global”.

“Apelamos à Câmara dos Deputados e ao Congresso Nacional para protegerem a Zona Franca de Manaus e reafirmarem o compromisso do Brasil com um modelo de desenvolvimento inclusivo, preservando a Amazônia e garantindo um futuro sustentável”, conclui.

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Manaus (CDL Manaus), Ralph Assayag, afirmou para A CRÍTICA que espera a aprovação do texto enviado à Câmara “sem nenhuma mudança” que coloque em risco a indústria e o comércio do Amazonas e destacou que as alterações não prejudicam o restante do país.

“Nós temos 1,5% do PIB [nacional] contra São Paulo, que tem 35% do PIB, não era nem para estar olhando para Manaus, mas fica batendo. A Federação das Indústrias de São Paulo, do Rio de Janeiro, que também é uma das maiores, fica olhando aqui para 1,5%, já que nós seguramos a floresta em pé. Se Deus nos permitir, pelo que eu li, vamos ter um resultado muito bom”, disse.

Assayag também encaminhou um documento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), em nome da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Amazonas (FCDL-AM) e da CDL Manaus, no qual a instituição defende o relatório de Eduardo Braga, chamando sua versão do PLP 68/2024 de “marco na modernização da tributação do consumo no Brasil”.

“No entanto, preocupam-nos os ataques infundados ao modelo da ZFM, que podem prejudicar sua tramitação final na Câmara dos Deputados. O comércio, responsável por quase 60% da arrecadação do ICMS, terá um papel ainda mais relevante no IBS, com a redistribuição da arrecadação industrial para outros estados, conforme o princípio do destino. O modelo tem se mostrado eficaz ao promover o desenvolvimento econômico de um território antes alvo de cobiça internacional, além de contribuir para a preservação da floresta, essencial diante da crise climática. Ao contrário das críticas, a Reforma apenas preserva o diferencial competitivo, conforme determinado pela Constituição, elevando à esfera constitucional o que hoje está na legislação do ICMS”, destacam.

Ataque

Na última semana, a Fiesp emitiu nota criticando o texto sob alegação de que estaria aumentando benefícios da ZFM. A entidade afirma que o crédito presumido do IBS para bens do polo industrial é inconstitucional.

“Este benefício adicional, além do previsto na Constituição, resultará em desequilíbrio concorrencial, dada a expressiva diferença de impostos que existirá entre os bens produzidos na ZFM e no restante do país. Isso impactará negativamente os investimentos e a geração de emprego e renda nos demais estados da federação, prejudicando também as indústrias no Estado de São Paulo”, disse no documento.

Votação

O PLP 68/2024, primeiro da regulamentação da reforma tributária, será novamente votado pela Câmara dos Deputados nesta terça-feira. Os parlamentares decidem se chancelam as mudanças realizadas pelo senador Eduardo Braga ou se retomam o texto que foi votado pela casa e rechaçado pela bancada amazonense por tirar a competitividade da Zona Franca de Manaus.

Braga, que também foi relator da emenda constitucional da reforma tributária, disse estar confiante na articulação coordenada por ele em conjunto com o senador Omar Aziz (PSD), líder da bancada federal amazonense. Ele afirma ainda que tem “tratado pessoalmente com lideranças e integrantes das demais bancadas no sentido de capitanear os votos em favor da aprovação, sem ressalvas, do texto base da regulamentação”.

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