Situação ocorrida no segundo semestre de 2023 não deve se repetir por precaução das empresas
Marcos Bento, presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) (Foto: Daniel Brandão)
O presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), Marcos Bento, afirmou que as fábricas localizadas no Polo Industrial de Manaus não devem realizar paralisações, demissões ou férias coletivas no segundo semestre de 2024. O temor de que o cenário de 2023 – ano da pior estiagem – se repita foi afastado após as empresas tomarem precauções para este ano.
A fala ocorreu durante o pit stop educativo feito pela Abraciclo em parceria com o Departamento Estadual de Trânsito do Amazonas (Detran-AM) na unidade do Serviço Social do Transporte (Sest) e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat) localizada no bairro Jorge Teixeira, zona Leste da capital.
Bento avaliou que as medidas tomadas pelo governo somadas à antecipação dos fabricantes aos efeitos da seca devem evitar a paralisação das fábricas neste segundo semestre e espera que sejam produzidos 1,69 milhão de veículos de duas rodas em 2024.
Em entrevista para A CRÍTICA no último fim de semana, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas (Sindmetal), Valdemir Santana, seguiu a mesma linha de raciocínio e afirmou que as empresas aprenderam com o impacto negativo da seca de 2023 e começaram a estocar insumos para prevenir uma nova paralisação neste ano.
Dentre as medidas apontadas por Marcos Bento para driblar os malefícios da estiagem está a instalação de um píer flutuante pela iniciativa privada. A estrutura foi posta em operação pelo Grupo Chibatão no município de Itacoatiara, na região do Tabocal de da enseada do Madeira. Segundo ele, a medida deve auxiliar na logística do transporte de mercadorias apesar do atraso do governo federal em iniciar a dragagem do trecho entre Manaus e Itacoatiara, cujo contrato de R$ 112 milhões foi assinado pelo ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), em evento na capital amazonense na última semana.
Embora apresente boas expectativas, o presidente da Abraciclo apontou o aumento nos custos de transporte ocasionados pela seca e que isso repercute na indústria. Segundo um levantamento da Comissão de Logística do Centro das Indústrias do Amazonas (Cieam), as empresas do Polo Industrial de Manaus (PIM) já gastaram R$ 500 milhões a mais devido à estiagem, especialmente pela chamada “taxa da pouca água” utilizada pelas empresas Maersk e MSC.
BR-319
Questionado pela reportagem se a possível pavimentação da rodovia BR-319, prometida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em sua última visita, poderia auxiliar na questão logística do estado, Bento afirmou que o Amazonas precisa de uma via alternativa aos rios.
Marcos Bento também seguiu o tom de críticas da indústria e de parlamentares do Amazonas sobre a regulamentação da reforma tributária, mas demonstrou otimismo. O primeiro projeto foi aprovado na Câmara dos Deputados com voto contrário de quase toda a bancada amazonense, com exceção de Silas Câmara (Republicanos). A proposta se encontra no Senado e aguarda indicação de um relator, com a expectativa que continue nas mãos do senador Eduardo Braga (MDB).